A dor fede!
Por dentro apodrece
e por fora encharca
de odores de dor,
como um mendigo emporcalhado
pelo ocre da vida.
Os ramos do domingo balançam lá fora,
mas aqui dentro o cinza cristaliza
tudo.
Um cinzento imóvel que dói,
dói,
dói.
Como se fosse possível doer mais
do que doera antes.
Dor que dilacera
e afoga em sua fúria
de mar sanguinolento.
Veritas odium parit...
A mentira partiu.
Levou todos os alicerces
e nos deixou suspensos no vácuo
com uma verdade doente
esbofeteando nossa incerteza.
A verdade chegou.
Arrebentou tramelas,
dissipou dúvidas
e escancarou sua luz azul
até doer,
doer,
doer.
Como se agora fosse permitido
doer mais do que doera antes.
Fuja enquanto é tempo, Francisco!
Antes que a verdade escancare sua caverna
e dissolva seus hieróglifos com fel.
Antes que a verdade derrube suas
colunas calcárias
e a vontade de todo dia.
Não há força que a devolva ao seu
esconderijo.
Não há poder que a silencie.
Nunca mais viveremos
a falsa paz de antes.
Publicado na 2ª Mostra Abril para Leitura - CCBNB Cariri
| 2013 |
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