A Tallyta Paula, minha sobrinhamiga

Ainda estava dormindo com uma calcinha enrolada em cada pé quando foi atingida por Vá-nessa que lhe trouxe de presente uma manta perfumada. Levantou-se para encontrar o Futuro no minuto mais próximo. Com ele descobriu a velocidade do tempo e a inutilidade do conhecimento; desejou estarem a sós, longe dali. No entanto, era preciso fazer compras porque não havia nada para comer. Também era necessário tomar banho e lavar os cabelos – coisa que não fazia há semanas. Limpa, mas não cheirosa, fez compras para a ceia de Natal com a ajuda de Vá-nessa.
O supermercado já estava fechando, encheu o carrinho de mercadorias venenosas para sua saúde e pagou com cartão de crédito. Faltou pão. Saiu pelas ruas sem saber se ainda encontraria uma Panificadora funcionando. Encontrou duas: numa comprou pães e na outra, panetone em promoção. Voltou para o Limoeiro correndo porque a última a chegar era sempre a mulher do padre.
Participaram da ceia o Desejo, a Libertinagem, a Gulita, a Inocência e a Amizade. Estava feliz pelas visitas e triste pela ausência da Saudade. A ceia foi magra e improvisada, porém todos fingiram satisfação. Gulita se excedeu, passou mal e vomitou a refeição ao pé da mesa. Foi constrangedor, menos para a Inocência que se manteve à vontade. Meia-noite os convidados se retiraram, só a Oncinha temia ir para casa sozinha. Melancolia vestiu um casaco e acompanhou a covarde.
Passaram por um Parque de Diversões no caminho, de longe avistaram Vá-nessa comprando algodão doce e Gulita se fartando de guloseimas. Depois de duas voltas na roda gigante, Gulita vomitou novamente. Seguiram juntas à casa da Oncinha. Lá, encontraram a Curiosidade, a Repressão e a Inveja tomando cerveja. Melancolia deixou todos conversando e foi cumprimentar a Solidão que morava ao lado. O frio aumentou. Melancolia convidou Gulita e Vá-nessa para pernoitar em sua casa.
Assistiram desenhos natalinos do Garfield acomodadas em colchonetes na sala. Gulita tanto arrotou, soluçou e soltou gases que foi levada ao hospital às 4h da manhã.
Melancolia acordou com os fogos de artifício anunciando 2009. Pensou no sonho estranho que tivera e não encontrou força interior para levantar do sofá-cama.
Moral de Natal: Ninguém foge das próprias fraquezas.
| 2008 |
Este é um conto memorialístico que foi mergulhado no Surrealismo e batido no liquidificador com vodka. Bom, deu nisso...
ResponderExcluirFELIZ 2009!