PANAPLÉIA

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Bem-vindo(a) ao Laboratório de Autoria de Panapléia! À esquerda das postagens, estão meus textos divididos em categorias e temas. À direita, indicações de blogs e as mídias sociais. No rodapé, mimos felinos e os créditos do blog. Boa leitura!

ENTREVISTA UECE

A LITERATURA NO BLOG: RELATOS DE BLOGUEIROS

Autora: Mayara Cruz Albuquerque (IC/UECE)

Orientadora: Maria Valdenia da Silva
(Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC/UECE)

Entrevistada: Paula Izabela (Viver me despenteia)
  
1.      Como, quando e por que surgiu a ideia de criar um blog?
PI => Em 2008, fiz um curso de roteiro online com o escritor Ricardo Kelmer. Descobri que o roteiro de TV era bem mais técnico do que eu imaginava, alguns colegas de turma desistiram do curso e eu fui me desestimulando para realizar a tarefa de conclusão que era escrever um episódio de seriado de humor. Percebendo que eu me sairia melhor na Literatura, Kelmer sugeriu que eu criasse um blog como exercício de conclusão do curso. Tivemos algumas aulas online sobre a blogosfera e na sequência comecei a postar textos antigos e novos.

2.      Qual a sua visão sobre o Ciberespaço. Fale-me sobre a coexistência Literatura e Ciberespaço.
PI => Sempre gostei de internet e de computador. Os blogs são parte da minha leitura semanal, assim como revistas, jornais e livros. Não creio que o livro digital irá substituir o impresso, acredito que é mais uma faceta da Literatura que é mutável e sabe se adaptar as novas tecnologias.

3.      Como você analisa os intercâmbios literários entre as publicações online e os seus leitores e entre os próprios escritores que se utilizam das novas mídias para divulgar os seus trabalhos?
- Sobre escritores experientes:
Acompanho muito de perto o trabalho do Kelmer, vi ele gestar a obra “Vocês Terráqueas” com acompanhamento online dos leitores, discussões interessantíssimas, o livro foi vendido mesmo antes de estar impresso. Hoje a obra circula em pdf que ele envia para os leitores do blog. Outros amigos escritores já acordaram para isso e estão seguindo o mesmo caminho de forma mais tímida. Como é o caso do Raymundo Netto, Pedro Salgueiro, Poeta de Meia Tigela, Carlos Vazconcelos, Aíla Sampaio, Tércia Montenegro, Urik Paiva e tantos outros.  O Millôr, o Carpinejar e o Marcelino Freire são outros bons para serem citados como modelos dessas publicações online. Eles estão blogando e twittando para e com seus leitores.
- Sobre escritores inexperientes:
Mostrar aquilo que se escreve, para qualquer um, sem termos o controle de quem verá o que produzimos, é uma experiência de maturação literária. Ao expor nossos textos vamos superando as travas iniciais. Sem falar que o livro impresso deixa de ser uma necessidade porque já estamos publicados. Começamos a ampliar nossos horizontes. Recebemos críticas, elogios e sugestões de desconhecidos – o que dá credibilidade enorme aos comentários, pois partem de pessoas que não tem obrigação de proteger ou atacar nossa inexperiência literária. Obviamente quando um elogio parte de um estranho, que às vezes tem até mais talento literário, isso serve de combustível para prosseguirmos com o blog. No início de 2010, fui procurada por uma poetisa que eu não conhecia, ela queria me encontrar para me presentear com seu primeiro livro porque tomou coragem de publicá-lo lendo meu blog. Não entendi muito bem como ocorreu esse processo, mas comemorei por nós duas.

4.      Fábio Lucas em seu livro Literatura e Comunicação na era da eletrônica pergunta até onde a revolução eletrônica da mídia afeta a literatura. Nesse sentido você acha que a Literatura pode estar sendo vulgarizada?
PI => A mídia é uma ferramenta incrível. O problema está na forma de usarmos e na qualidade do produto final. Não é possível separar o joio do trigo em nenhuma área, não seria diferente com a escrita. Ontem enviei e-mail para meus contatos comentando como estava feliz por receber tantos textos bem escritos discutindo o 2º turno das eleições (e olhe que nem gosto dessas discussões). Tem muita porcaria circulando? Dá para puxar de rodo! Mas sempre haverá público para texto ruim, assim como há telespectadores para péssimos programas (veja o Ibope dos programas dominicais). Fora isso, tem muita gente, não só da Literatura, escrevendo bem na web. A vulgaridade está na censura e no silêncio!


5.      As novas formas de leitura via computador tendem a modificar os hábitos de leitura. De que forma os novos hábitos atingem a fruição estética de um texto literário?
PI => A fruição estética começou a ser modificada quando o autor trocou a pena pela caneta, depois pela datilografia. Até aí conseguíamos, por exemplo, analisar um rascunho e voltar atrás na modificação. Com o advento do computador isso não é mais possível. As próximas gerações não terão exemplos rascunhados do processo de enxugamento pelo qual se passa o texto.

6.      Como é sabido narrativas longas, como o romance, já não encontram tanto espaço no dinamismo do Ciberespaço e com isso novos gêneros literários estão sendo criados. Que estilos literários estão mais presentes em seu blog?
PI => Meu blog é um laboratório de autoria, portanto tem um pouco de todo os gêneros, pois ainda estou investigando qual é a minha assinatura literária. Particularmente, sou apaixonada pelo microconto, naniconto, hai-kais e contemas. O twitter é um excelente exercício de concisão literária para qualquer iniciante nas Letras. O que de forma nenhuma exclui a leitura de narrativas longas; vemos a prova disso na grande circulação de obras extensas como Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Crepúsculo, O ladrão de raios e tantas outras.

7.      Sabemos das novas estratégias de produção e recepção para atingir a interatividade que o contexto dinâmico em que vivemos no exige. Quais são os recursos audiovisuais mais utilizadas no seu blog e por quê? E como eles auxiliam na expressão das ideias que o seu blog procura difundir?
PI => Não costumo usar áudio ou vídeo, mas passo horas procurando uma imagem adequada para cada postagem porque amo fotografia (herdei esse fascínio da família materna). Minha intenção é atrair o visitante para a leitura, pois num lance de olhar numa página virtual podemos nos interessar pela ideia transmitida pela imagem ou desprezá-la e passarmos para o próximo link.

8.      Como blogueiro e disseminador da Literatura no Ciberespaço, você acha que as novas mídias podem ser utilizadas pelo professor como mais um recurso pedagógico para o processo de formação de leitores?  
PI => Trabalho na Educação há 14 anos, lecionando Literatura há 10 e lhe afirmo com toda convicção que o ciberespaço é uma ferramenta indispensável para o professor. Vasculho páginas eletrônicas para indicar aos meus alunos, assim como faço o mesmo com livros, revistas, filmes, músicas, programas de TV e eventos culturais. Todas as minhas apostilas trazem essas sugestões. Durante minhas aulas, ressalto os links que eles devem visitar e comento quais são os sites e blogs que leio assiduamente. Ano passado usei a leitura de postagens para avaliá-los na recuperação final. Também oriento que procurem interagir com escritores, jornalistas e blogueiros pelo Twitter, Orkut e Facebook.

9.      Sabemos que os internautas, principalmente os jovens, encontram no mundo virtual possíveis espaços de formação, de construção de identidade, etc. Como é a recepção destes leitores em seu blog?
PI => Se você fala em construção de identidade, acredito que se refira principalmente aos adolescentes... Identifico poucos jovens no meu blog, só alguns alunos que acompanham  as postagens frequentemente. A maioria são leitores adultos, acima dos 30 anos.

10.   Como blogueiro, quais os compromisso literários e sociais que um blogueiro assume ou não há comprometimento com a sociedade?
PI => O compromisso é o mesmo que qualquer escritor, jornalista ou formador de opinião tem. Quem escreve se compromete, com o que diz e até com o que deixou de dizer. Como a web nos fornece um alcance imediato, temos a escolha de comentar (ou não) os fatos sociais importantes. Observo um compromisso artístico no cuidado com os Direitos Autorais de imagens, citação de fontes, etc. E um compromisso urgente no sentido de dizimar a onda de pedofilia da rede através de denúncia – nós que circulamos muito pelas páginas acabamos encontrando até o que não queremos.
| 2010 |

Um comentário:

  1. Hoje a realidade tem muito do mundo virtual,é uma realidade que não podemos fugir e tampouco menosprezar.
    Cabe a nós fazer o melhor uso possível de tal ferramenta,a internet é muito mais que um simples entrelaçamento de idéias,é também onde podemos nos expressar de maneira mais nítida,onde nossas vozes chegam mais longe.
    Muito boa a entrevista.Parabéns

    Austin

    ResponderExcluir

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