PANAPLÉIA

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Bem-vindo(a) ao Laboratório de Autoria de Panapléia! À esquerda das postagens, estão meus textos divididos em categorias e temas. À direita, indicações de blogs e as mídias sociais. No rodapé, mimos felinos e os créditos do blog. Boa leitura!

ÁGUA DE COCO


Provocante, ele indagou se eu apanhava em casa.
Depois me disse que era perda de tempo
retirar meu sangue e injetar de novo.
Expliquei-lhe: sou hiperbólica por natureza!
O jornalista me rotulou de hiper um monte de coisas:
curiosa, inconsequente, insana.
Vindo dele não era elogio.

Ontem ele me convidou para trocar figurinhas.
Hoje ele diz que esqueceu meu nome.
Eu lembro seu sobrenome,
telefone, idade, estado civil, sexo.
Principalmente o não-sexo.
(Preferi esquecer os e-mails)

Também lembro aquela noite:
o cooper não agendado,
a lista telefônica revisitada,
os torpedos trocados,
o álibi da morte,
o dinheiro pro táxi,
a poluição invasiva,
o sereno gelado,
as luzes voluntariosas,
o jazz aplaudido,
a maciez dos cabelos,
o sinal na testa,
o hálito de whisky,
o gloss de menta,
o frio artificial,
as camas de solteiro,
minha mão medida na sua,
a sua investigando medidas...
Faltou açúcar no café da manhã,
mas pinturas me adoçaram até o meio-dia.

Lembro tudo que foi dito, 
o que foi silenciado
e o que deveria ser omitido.

Eu me referindo às paisagens do Nordeste,
ele descrevendo outros continentes.
Eu defendendo minhas crenças,
ele agnóstico carpe diem.
Eu explicando a gravidade da doença,
ele considerando atraente.
Eu acreditando em beleza interior,
ele mencionando o Pânico na TV.
Eu tirando areia das sandálias,
ele perguntando se ficaria nua ali.
Eu incomodada com os garçons,
ele atiçando voyeuristas.
Eu intimidada pela motorista,
ele confiando na discrição dela.

Eu sincera e espontânea,
ele fingindo ter Alzheimer.
Devia ter percebido,
desde o início,
ele branco hipo e eu preta hiper.
Eu não gosto de espinhos,
ele não gosta de rosas.

Sou barroca.
Sou intensa.
Não aprecio meio termo.
Equilibrium não sou eu.
Quero ser tudo em toda parte.
Quero ser toda por todo tempo.
Quero viver tudo de todas as maneiras.

A vida tem formas e tons mais amenos
quando se toma água de coco.

| 2009 |

5 comentários:

  1. adoro como vc escreve!!! gostei muito dos três últimos e das ''crônicas da paraíba''... ancioso por mais...
    abço

    ResponderExcluir
  2. É sempre assim mulheres inteligentes incomodam!...
    Gostei muito!
    Bjs.

    ResponderExcluir
  3. A-DO-REI!(espero ter soletrado corretamente kkk)

    Amiga, meu admirador do blog voltou a me visitar, está cada vez mais doce.
    Daqui a pouco não haverá mais xingamentos com meus textos. hahaahah

    ResponderExcluir
  4. ele não fingia ter Alzheimer impune... por dentro, tremia de Parkinson...

    Legal o espaço aqui. Primeira vez que vejo, mas isso é porque sempre entro apressado na net.

    Abraço e parabens.

    ResponderExcluir
  5. Por isso sinto necessidade de estar cercada de homens, Rafael. Graças a sua observação pude entender melhor o que se passava com aquele confuso marmanjo. Grata!

    ResponderExcluir

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