PANAPLÉIA

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Bem-vindo(a) ao Laboratório de Autoria de Panapléia! À esquerda das postagens, estão meus textos divididos em categorias e temas. À direita, indicações de blogs e as mídias sociais. No rodapé, mimos felinos e os créditos do blog. Boa leitura!

FEBRE FAHRENHEIT


Os próximos versos
estão no colo dos deuses
e nas letras dos Beatles.

Prudence, abra os olhos!
Cumprimente o novo dia, querida!
Olhe ao redor, você é parte de tudo
e as nuvens formam margaridas.
O rei conversa com seu pônei no jardim,
a rainha toca 1822 no piano,
a duquesa é areia sonolenta
e o duque, nuvem silenciosa.
Você não vai sair para brincar?
A sucessão das estações exige pressa
e não espera ninguém.
Se você quer algo é melhor se apressar!
Não permita que sua torrada queime!
Deixe-me vê-la sorrir!

Comemore comigo a vitória que ainda não veio!
Ou celebre o que você queira!
A glória da vida, Clarabella!

A terça-feira parece não ter fim.
Tudo tão inútil...
As mães suspirando,
esperando, chorando...
Deixe estar, Anna!

Minhas meias precisam de remendos.
Largaram meus melhores pedaços
no chão da sala de cortes.
Até o monstro de Shelley
está mais inteiro do que eu.
Noite escura de um dia duro, Sheila!

Não há agitação nessa piscina de mágoas.
Sou um barco de papel cheio de palavras,
prefiro afundar a continuar a deriva.
Todo mundo tem algo a esconder,
exceto o meu gato marrom.

Escondi meus tesouros
numa mala do zoológico.
Guardei as jóias raras
em meu seio perfurado...
Entreguei meu coração
no último Natal.
Ouvi músicas divinas,
alegria entre meus dedos.
Meus olhos estiveram lá,
tão tentador e não foi real.
Descobri o demônio
na metade do caminho.
Fui apenas um ombro
para seus olhos cansados.

Carreguei um caminhão,
detive pedras que rolam,
enfrentei um voo terrível,
voltas e voltas em círculos,
o céu azul me fez chorar,
desejei andar de gatos.
Me dissolvi, me digladiei,
me absorvi, me absolvi,
cedi e sucumbi.

Lucy me salvou das lágrimas.
Meus amigos lideraram meu resgate,
sempre chegam a tempo de me erguer.
Se eu fosse uma estrela de cinema,
eles seriam minha constelação.
Suas presenças sufocam meu terror,
nocauteiam minhas dores
e exterminam meus medos.

Aqueles jovens me aquecem no frio de Liverpool,
brilham ao meu redor como milhões de sóis,
são as setes maravilhas do meu planeta.

Posso vestir a última moda,
de preto num cadilac rosa,
mas não serei a tola de alguém.
Posso não aprender a dançar,
mas não dormirão em meu travesseiro.
Podem beber meu licor de menta,
mas não ceifarão minhas rosas.

Não pisarão em meu coração de camurça
com sapatilhas de arame,
nem com alpercatas de aço.
Não será como eles querem!

Eleanor me ensinou a voar com asas quebradas!
Sou uma criança, filha da natureza,
não preciso de muito para me libertar.
Gosto de maças e preciso de pausas.

Julia viu pessoas solitárias,
dessas que apanham arroz de casamento
nas portas das igrejas.
Seus interiores estão fora
e seus exteriores estão dentro.
As rachaduras as impedem de viajar.
No sábado vão para a cama cedo,
sempre sozinhas.
De onde elas vieram, Jude?
Todos são cuidados,
mas ninguém as salva!

Esperei pelo amor
(como os românticos fazem),
deixei para trás as serras,
levei flores onde não era permitido,
perdi minhas cores de Almodóvar,
perdi minha voz e minha esperança,
voltei pálida para Carlos.

Querido, nada tenho além do amor,
esse sentimento mágico.
Já lhe disse que vou tratá-lo bem,
não quero seus diamantes,
lhe mostrarei um mundo melhor,
farei pequenas coisas por você,
como a mariposa em torno da chama.
Seremos Capitão Smith e Pocahontas,
melhor do que Romeu e Julieta.
Só precisamos de uma bicicleta
e um saco de dormir para dois.

Você pode me emprestar seu pente?
Trazer o sol para meu céu cinzento?
Me devolver ao meu mundo doce?
Esperei por isso toda a minha vida:
toque minha alma,
segure firme minhas mãos,
torne meus desejos reais!
Quero que me abrace, abrace, abrace...
Abrace cada vez mais apertado.
Os campos e os morangos passarão,
todo o resto passará.

Cada pequeno sonho ganhará asas,
apesar das abelhas,
das águas barrentas,
das montanhas russas,
das latas de lixo,
apesar dos outros...

Carlos, seremos muito felizes!
Me ilumino quando você diz meu nome.
Você sabe meu nome:
a garota que nasceu para lhe dar febre.
Febre não é uma coisa nova,
todo mundo tem febre.
Mas minha febre é Fahrenheit...
Febre até você chiar em chamas! 

| 2011 |

ALCANTARA, Paula Izabela de. Febre Fahrenheit. IN: GADELHA, Raimundo (org). As melhores imagens da série Brasil retratos poéticos. Versão 2: edição bilíngue. Fragmentos selecionados por José Inácio Vieira de Melo. São Paulo: Escrituras, 2012. Folha: 01/03/2012.

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