Em seus braços sonhei que o chão se abria sob nossos pés.
Agora tudo se estilhaça ao nosso redor,
só o silêncio onde antes ouvia meu nome,
afundo na areia do ressentimento.
Não era este o plano.
Saudade é muito mais do que a idade do sal.
Vai além das lágrimas do Brasil e de Portugal.
Quem me dera sangrasse apenas mensalmente.
Consegui sair do nosso labirinto,
mas do lado de fora só encontro o vazio.
Exercito a arte de sobreviver no vácuo.
Tornei-me prisioneira do nada ao meu redor.
Grades invisíveis, correntes suspensas, cadeados imaginários.
Queria ser afagada no meio da tormenta,
ser segurada pela mão no meio da correnteza,
não ter que vigiar portas e janelas
contra as feras que me cercam dia e noite,
não temer o abismo que anseia pelo meu pulo.
Sorrir não resolve.
Chorar todas as dores do mundo não resolve.
A dor está além.
Sofrimento não se cura com goiabada e queijo.
às vezes não cura nem com açúcar e afeto.
Solução é convidar a morte para uma valsa.
Escapar da náusea paralisante.
Apurar a dor mergulhando no fim.
Ansiar o abraço da indesejada das gentes.
| 2010 |
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