Nunca soube o que foi a vida sem medo de.
Não gosto de usar essa palavra,
mas é preciso dizê-la: cemitério.
Borges planta rosas entre ratos,
entre livros novos que se tornam velhos,
entre livros novos que se tornam velhos,
entre seixos pretos que se tornam corpos,
entre mortos-vivos que não se deixam sepultar.
Esqueci as meias em casa por causa da chuva,
mandei as crianças trazê-las.
A Moreninha acha preto uma cor alegre
e me trouxe luvas de seda, de renda e de medo.
Criança nos desobedece até quando estamos enlutados.
Entre o medo que dá o frio
e o frio que dá o medo,
estou eu, Formosa Louca.
Louca Formosa.
Agora é tarde!
| 2011 |
ALCANTARA, Paula
Izabela de. Ignez é morta. IN: GADELHA, Raimundo
(org). As melhores imagens da série Brasil retratos poéticos. Versão 2: edição bilíngue.
Fragmentos selecionados por José Inácio Vieira de Melo. São Paulo: Escrituras, 2012.
Folha: 06/08/2012.
Publicado na revista Mulheres que Comandam em 11/04/2012.
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