Ao amigo Carlos Herculano Lopes
─ O que é morrer senão viver?
Deixo para quem fica
a dança dos cabelos
a dança dos cabelos
e a carne dilacerada por velhas chagas,
torpe matéria de incendiada tragédia.
Deixo
as cartas do jogo,
as expectativas vãs,
as confissões fantasiosas,
os sobressaltos da noite
e os eucaliptos em ventania.
Tudo que não me cabe
deixo para quem fica.
Sigo grávida
do sumo da sabedoria,
das verdades eternas,
dos alicerces que me sustentaram.
Carrego os calafrios da solidão
e os estremecimentos de amor.
Tudo que me pesa
levo para as alturas.
Quando lá chegar
não silenciarei o grito,
não renunciarei ao desejo,
não aceitarei o peso da cruz,
não respeitarei cetros de ferro.
Estarei abrigada em um coração crescente.
Ele tão grande e eu tão pequena.
Além da vida, se vida houver,
terei hexabytes a mais de insanidade.
Entre os anjos permanecerei o que fui:
uma pequena louca em um grande coração.
| 2013 |
Publicado na revista eletrônica Mulheres que Comandam.
Publicado na revista eletrônica Mulheres que Comandam.
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