PANAPLÉIA

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Bem-vindo(a) ao Laboratório de Autoria de Panapléia! À esquerda das postagens, estão meus textos divididos em categorias e temas. À direita, indicações de blogs e as mídias sociais. No rodapé, mimos felinos e os créditos do blog. Boa leitura!

OS FEIOS E AS FEIAS NÃO PERDOAM

"Só a mente masculina, turvada pelo impulso sexual, poderia chamar o sexo que tem baixa estatura, ombros estreitos, coxas largas e pernas curtas de BELO SEXO."

Arthur Schopenhauer em “O amor, as mulheres e a morte”




Quando pensamos ingenuamente que já vimos tudo em matéria de absurdos, surge um caso que nos chama a atenção justamente por ser tão enfadonho que não combina com o século XXI. Meu resumo da notícia:

Nascida em Porto Rico, Debrahlle Lorenzana, 33 anos, 1.65m, 56kg,  mãe solteira, trabalhava no Edifício Chrysler em New York desde 2008, foi demitida em 2009 em “nome da moral e dos bons costumes”. A combinação de exuberância mamária, nádegas suspensas no vácuo, quadris em curvas e pernas bem torneadas em cima de saltos altos, distraia clientes e atrapalhava a produtividade dos compenetrados diretores e funcionários.

O Citibank advertiu que ela seria demitida se insistisse em alisar os cabelos, usar maquiagem, blusas justas, saias acima dos joelhos e saltos altos. Lorenzana se defende que apenas “trabalhava bem vestida”. Tanisha Ritter, colega de trabalho entrevistada pela imprensa, confirmou que Lee não provocava, mas mesmo assim os homens, inclusive os chefes, se transformavam em completos idiotas perto dela.

Os advogados do império afirmam que a demissão por justa causa foi devido ao desempenho profissional e não ao preconceito de gênero. No entanto, o responsável pelo RH confessou que mesmo com trajes comportados, o olhar da morena sensual despertava desejos. O caso não pode ir à justiça comum por conta da Arbitragem previamente definida. O advogado de Lorenzana alega que sua cliente não foi informada desse acordo durante a contratação.

Atualmente trabalhando para o concorrente, JP Morgan, a executiva usa as mesmas vestimentas, mas foi proibida pelos novos patrões de falar sobre o caso.

Finalmente livres da saúde de Debrahlle Lorenzana, os nova-iorquinos do Citibank poderão voltar a procurar mulheres sensuais em sites pornôs para aumento da “produtividade individual”.



Tomei conhecimento do caso passeando por um blog parceiro: Demitida por ser gostosa. Percebi pelos comentários que alguns leitores acreditam que essa situação é folclórica ou não aconteceria aqui no Brasil.

Provavelmente, meu amigo Ricardo Kelmer diria que a porto-riquenha deve procurá-lo imediatamente para que a Sociedade Amparadora das Mulheres Carnudas – SAMUCA, lute pela causa em movimentos ritmados e precisos.

Pesquisando o fato pela rede, encontrei mais de trinta fotos e dezenas de depoimentos. Infelizmente o que se percebe no discurso dos defensores é tara e não justiça. Muitos confessam o quanto ficariam excitados em ter uma colega de trabalho “tão gostosa”; alguns atacam que com tantos atributos físicos Lee com certeza é retardada; outros acusam a beldade de tentar se promover com o caso; os feios de plantão teorizam que as bonitas devem trabalhar como modelos ou se tornar invisíveis. O que ninguém ressalta é o direito que Lorenzana tem de exercer qualquer profissão sem precisar usar uma burca, até porque ela não mora no Afeganistão.

Independente da executiva ser culpada ou inocente, a situação me preocupa por ser globalizada. O preconceito contra a mulher no mercado de trabalho acontece velado e discreto como “fogo de munturo”, nunca morre. Os mesmos atributos que valem pontos no Concurso de Miss descontam pontos no cotidiano do mundo corporativo (ainda machista). E não me toquem na polêmica das transparências, das fendas e dos decotes, porque sensatez é outro departamento!

Como agravante, sobrevivem às schopenhaueranianas filosofando que inteligência e beleza não habitam o mesmo ser; algumas até despejam essa babaquice diante da nova estagiária bonitinha. As mais esforçadas descuidam da pele, dos cabelos, do peso, da maquiagem, das roupas e dos acessórios (quando não abandonam até o desodorante) para provarem o quanto são capazes de abdicar da vaidade para serem dignas de uma promoção ou de um salário maior.

No início dos anos 90, minha bela amiga Eleneuda desistiu de um emprego em uma loja de ferragens por conta do assédio do patrão, mas escondeu isso da família e dos amigos. Nem cogitou em denunciar o canastrão, que até tentou dopá-la uma vez, porque sua consciência apontava-a como responsável por despertar a libido do cretino. Hoje ela trabalha no mercantil do marido.

Na mesma época, Mírian, a beldade da minha turma, com sua voz belíssima, temia se tornar cantora porque se apavorava diante da nebulosa possibilidade de ser convidada a oferecer favores sexuais em troca das oportunidades de trabalho. Só recentemente ela se realizou cantando num coral evangélico.

Final dos anos 90, Luciére e eu trabalhávamos juntas numa repartição onde para sermos contratadas tivemos que responder se éramos virgens(!). Após dois anos de degradantes cenas de ciúmes, fomos demitidas por redução de custos (aaatchim... essa alegação é renascentista!). Meses depois, a esposa do patrão o encontrou na cama do casal transando com a empregada deles. Convenhamos que o flagra não serve de paliativo para as vezes que fomos humilhadas injustamente. Se o marido não era confiável por que ela não pedia o divórcio? Não, não respondam! Odeio justificativas meigas para casamentos fracassados. Ou melhor, fracasso não se justifica, se corrige imediatamente!

Em 2006, fui demitida de um Curso Pré-Vestibular a pedido da namorada do coordenador pelas acusações de “dar aula muito produzida, falar diferente do sotaque local e me exibir em viagens com meus amigos escritores”. Por trás dessa conversa fiada estava o fato de eu ter sido sócia dele em outro cursinho e nós quase termos namorado. Isso explica os Titãs terem gravado “Jesus não tem dentes no país dos banquelas”?

Poderia escrever um blog inteiro contando as entrevistas mal-sucedidas por conta de uma nova funcionária ameaçar a auto-estima das veteranas ou o relacionamento do chefe. E outro blog, só com exemplos de funcionárias que foram demitidas do lar, do comércio ou do escritório porque a namorada-noiva-esposa do patrão estavam (ou eram?) inseguras.

Geralmente, mulheres atraentes ignoram o preconceito de gênero ou fingem não perceber para não causar constrangimentos aos homens ou às inimigas do espelho, aquelas que só conhecerão o assédio no trabalho na próxima reencarnação. Até quando seremos tão boazinhas? Mulheres lindas merecem ser perversas também!
2010

7 comentários:

  1. Nossa... muito bom o seu blog... e eu amo ler... Fico feliz com a Parceria... Já estou te incluindo, Abraços e Sucesso!!

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  2. hahaha
    Essa eu gostei!
    Sabia que até minha mãe tem dessas?
    Ela já teve problemas com algumas clientes dela que reclamavam que minha irmã mais velha chamava muita atenção dos seus maridos/namorados com sua simpatia. Minha mãe teve que proibir ela de atender os clientes, tu acha?
    Eu tento ser o mais séria possível pra isso não acontecer comigo também.. rs

    ;**

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  3. QUERIDA COMPANHEIRA BLOGUEIRA,

    GOSTARIA DE, EM PRIMEIRO LUGAR DIZER QUE, SUAS POSTAGENS SÃO MUITO DIVERTIDAS, COM CONTEÚDO E AO MESMO TEMPO, FATOS VERDADEIROS E NÃO INVENTADOS, GOSTO MUITO DISSO.
    E, EM SEGUNDO LUGAR, AGRADECER SEU CARINHO ATENÇÃO E GENTILEZA, EM ADICIONAR-ME NA LISTA DE SEUS AMIGOS, PRIVILÉGIO PARA MIM.

    BOM DIA PARA VOCÊ E UMA ÓTIMA SEMANA.

    DO AMIGO,

    FÁBIO LUÍS STOER

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  4. A beleza nunca deve ser censurada. Essa porto-riquenha, que desafia a lei da gravidade e outras leis mais graves ainda, estará desempregada? Pôxa, emprego é o que não falta por aqui. rsrs
    E nesse específico assunto, abaixo Schopenhauer e os "bons costumes.
    Estamos no terceiro milênio, mas muitas mentes ficaram no medievo.
    Beijo Izabela.

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  5. Excelente postagem! Infelizmente o machismo ainda tem lugar na atualidade, digo que começa na infância. Pais acham bonito o filhinho ser "machão" e fazer “brincadeirinhas" de cunho sexual com as coleguinhas da sala de aula, e a menina desde cedo já tem que aprender a defender. É muito, muito triste essa realidade!

    Quero aproveitar e lhe convidar para ler “O Candidato” no meu http://jefhcardoso.blogspot.com
    Será um prazer lhe receber.

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

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  6. É verdade, diversas situações em relação ao trabalho acontecem em nosso país... Gostei bastante de seu blog, estou seguindo!

    Abraços!

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  7. amiga, eu que não faço parte do padrão, pedi demissão de um emprego antigo porque a namorada de um colega de trabalho se sentiu ameaçada e ficou fazendo inferno, imagina...

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